O estudo de um instrumento musical, como o piano, desenvolve diversas habilidades na criança, desde um maior raciocínio lógico a um maior sentido de organização. Mas não são apenas habilidades intelectuais e sociais as favorecidas com as atividades musicais.
A motricidade, ou seja, o conjunto de funções nervosas e musculares que permite os movimentos voluntários ou automáticos do corpo, é extremamente beneficiada com o estudo de música desde a mais tenra idade.
O desenvolvimento psicomotor é fundamental para o crescimento do bebê e da criança. Como se sabe, nos primeiros anos de vida, grande parte da informação é obtida por meio das experiências que os pequenos têm com o próprio corpo.
O desenvolvimento da motricidade, portanto, é essencial para a interação da criança com o meio e acontece, por exemplo, quando ela se relaciona com objetos e usa ferramentas nas atividades diárias.
Seja pelo movimento, pelos estímulos ou pela interação com os objetos, com os outros e com o meio, a criança descobre, interpreta e compreende o mundo, ao mesmo tempo em que desenvolve suas capacidades motoras, cognitivas, emocionais e sociais.
O estudo da música, nesse sentido, seja por meio da musicalização infantil ou do estudo dedicado a um instrumento musical, trabalha a motricidade e desenvolve na criança dois grandes aspectos:
1 – Motricidade grossa – relaciona-se com o controle corporal: postura, equilíbrio estático e dinâmico, deslocamentos e balanços;
2 – Motricidade refinada – relaciona-se com os movimentos que exigem maior precisão como coordenação olho-mão e destreza para manipular objetos. É a maneira como são usados braços, mãos e dedos de forma precisa, de acordo com a exigência da atividade.
Por meio do movimento e da dança ao som da música, assim como pela aprendizagem de um instrumento musical, a criança desenvolve a sua motricidade grossa e fina, respectivamente.
Como o piano pode estimular a motricidade?
Segundo a coordenadora pedagógica Lidiane Leite, é muito positivo para a criança o trabalho com a motricidade refinada até mesmo antes de iniciar o processo de alfabetização. “A criança deve ser estimulada a realizar pequenos movimentos de mãos e dedos de forma que, futuramente, ela tenha melhor habilidade para utilizar o lápis, por exemplo”, diz a profissional.
“O trabalho com motricidade refinada proporciona à criança passar pelo processo de alfabetização com muito mais facilidade e melhor desempenho, e as torna muito mais independentes e evoluídas”, conclui.
O desenvolvimento dessa habilidade pode ser realizado, portanto, por meio do estudo do piano, atentando-se para a faixa etária da criança e a fase em que está em seu desenvolvimento, tanto psíquico quanto musical. Não são poucos os exemplos de exímios pianistas que iniciaram seus estudos ao instrumento já a partir dos 3 ou 4 anos de idade.
Estudos revelaram que, ao comparar cérebros de músicos e não músicos, os primeiros apresentam maior quantidade de massa cinzenta, em particular nas regiões responsáveis pela audição, pela visão e pelo controle motor.
Segundo Schlaug, da Escola de Medicina de Harvard (Estados Unidos), e Gaser, da Universidade de Jena (Alemanha), tocar um instrumento exige muito da audição e da motricidade fina e essa prática faz que o cérebro funcione “em rede”. Isso, obviamente, cria um maior número de sinapses e contribui para uma maior rapidez de raciocínio e reflexo a estímulos.
Por conta da necessidade de exercitar e desenvolver a motricidade refinada para tocar um instrumento musical, quem se dedica a essa atividade, geralmente, apresenta muito mais coordenação na mão não dominante do que outras pessoas. Isso facilita a realização de atividades em que essa prática é necessária, ou seja, em trabalhos que exijam precisão e controle, desde a simples digitação até práticas médicas como cirurgias.
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